domingo, 6 de outubro de 2013

W.

Oi! Meu nome é W. da S. D. estou com 16 anos e vou contar um pouco da minha história, precisei da ajuda da minha dinda L., pois alguns fatos eu não me lembro, então vamos lá...
Nasci no dia 03/06/97 sou filho de E. e D., com meu pai eu não tive muito contato e com minha mãe, somente até os sete anos, vou contar o porquê. Minha mãe sofria de surto psicótico, mas foi descoberto tarde de mais, todo mundo achava que minha mãe era meio louca, principalmente minha avó, quando nós estávamos morando com ela, ela era muito carinhosa gostava de nos ver bem arrumados, éramos eu e a R., depois veio a V., mas ela ficou pouco tempo com nós.
Minha mãe tinha um companheiro que se chamava N., eu gostava muito dele, ele nos tratava com muito carinho, me levava para pescar, jogava cartas comigo, me tratava como filho, acho que esta foi a melhor parte da minha infância, porque em 2002 tiraram a minha mãe de nós, ela foi presa por desacato ao juiz, ele queria tirar nós dela, dizia que nós sofríamos maus tratos e que tinha muitas denúncias no conselho tutelar.
Depois de 15 dias que ela estava presa, a minha dinda conseguiu que ela fosse internada, como ela estava presa mandaram ela para o Instituto psiquiátrico Florence, até que a minha dinda conseguiu provar para o juiz que ela estava doente, então ele achou melhor mandar ela para Porto Alegre para tratamento, nós ficamos com minha avó e minhas tias.
Quando minha mãe foi presa, descobrimos que ela estava grávida de novo. Minha dinda ajudava minha mãe, ela tinha que receber visitas para acompanhamento do tratamento a cada 15 dias e o mesmo tempo cuidava da V. que era bebezinha na época.
Ao invés das coisas melhorarem para nós, só pioraram, pois continuavam a fazer denúncias, até que o juiz tirou a guarda da minha mãe.
Nós tínhamos muita saudade dela, pois nós éramos crianças e não entendíamos o que estava acontecendo, nós amávamos a nossa mãe, e segundo nossas tias ela também sofria muito lá.
Em 2005 minha mãezinha começou a ter altas progressivas, podia ficar em casa alguns dias dependendo do comportamento dela. Aos poucos tivemos que ir esquecendo o bebê que ela esperava, pois a justiça tirou dela, só a minha dinda o viu, o resto da família não chegou a conhecer nós estávamos.
Mesmo com tantos problemas, estávamos felizes, pois minha mãe estava perto de nós outra vez, mas mal sabíamos nós que o pior estava por vir, o concelho tirou a V. de nós, minha mãe estava em casa e a polícia tirou o nenê dos braços dela, mesmo os médicos tendo dito que ela estava bem, o erro foi da justiça, eles não podiam agir daquela forma com uma pessoa que sofria de surto psicótico, então minha mãe se matou.
Em setembro a V. foi para o lar esperança, minha dinda tentou pegar ela, mas não conseguiu, nossa alegria havia ido embora.
Mas ainda tinha que acontecer mais uma desgraça, em abril de 2006 aconteceu um acidente, nós estávamos passeando em Serafina Corrêa com o pai da R. e o meu tio com os filhos dele e na volta aconteceu o acidente, um ônibus passou em cima do fusca que nós estávamos, só sobrevivemos eu e a R., morreram cinco pessoas, meus tios e os meus primos, a mana ficou presa nas ferragens e eu sofri traumatismo craniano. Vi a minha mãe no local, fiquei internado e fiz uma cirurgia de emergência no hospital de Guaporé depois fui transferido para Passo Fundo, minha dinda me acompanhou.
 Contam que quando eu estava sendo operado chamaram minha dinda por que a R. tinha chegado ao hospital, nós estávamos entre a vida e a morte. Foi um milagre nós termos sobrevivido, eu tinha entrado em coma e minha irmã podia ficar sem as pernas, minhas tias estavam desesperadas, mas com o passar dos dias as coisa começaram a melhorar, a R. se recuperou e teve alta, conseguiu se recuperar, o joelho dela ficou com sequelas, mas não precisou cortar a perna dela fora.
Quanto a mim, enquanto eu continuava em coma minha dinda sofria muito, pois estava sozinha, longe, sem dinheiro, dormindo no chão, longe dos filhos dela e esperando que eu desse um sinal de melhora, pois o médico havia dito para ela que eu podia ficar paraplégico, mudo ou morrer, disseram que tinha feito tudo o que podiam, assim estava entregue nas mãos de Deus.
Somente 20 dias depois eu abri os olhos e chamei, foi uma festa para ela e para a equipe médica e a enfermagem, pois eu havia acordado e falado, fiquei mais um dia na UTI depois fui para o quarto, mas não conhecia mais ninguém, não sabia mais nada a única pessoa que não esqueci foi minha dinda, dizem que era porque enquanto eu estava em coma, ela falava comigo, ela sempre ficou do meu lado.
Depois de 15 dias no quarto eu tive alta e vim pra casa, mas minha avó queria que eu morasse com ela, mas o médico havia recomendado que eu ficasse com a minha dinda, assim houve uma briga porque minha avó não entendia muito as coisas, assim ela entrou na justiça e o juiz me deu para a minha dinda. Foi ela me ensinou desde ir ao banheiro, tomar banho tudo... Pois eu havia me esquecido de tudo, até o nome dos parentes.
Depois de um ano fiz uma nova cirurgia para colocar o osso da minha cabeça de volta, na primeira tentativa passei mal, então desmarcaram, na segunda deu certo, graças a Deus, mas até hoje faço tratamento para convulsões e estamos lutando na justiça para mim receber a pensão do meu pai que também morreu em 2006 e contra empresa pelas sequelas que fiquei.
 Agradeço a Deus e as pessoas que ajudaram nós nos momentos difíceis, a luta das minhas tias continua, tanta comigo quanto com a R., pois necessitamos de cuidados e a R. tem que fazer uma cirurgia.

Esta e minha história! Não pude fazer sozinho como tinha falado no começo, porque perdi muitas lembranças, mas agradeço por estar vivo.  

2 comentários:

  1. Muito linda sua história de vida pois é muito comovente te amo muito de sua namorada Valéria <3

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